A gestão estratégica de pessoas não é uma responsabilidade exclusiva da área de Recursos Humanos, ela deve ser praticada por todos os líderes da organização que tem como uma das missões manter um ambiente estimulante e de aprendizado para as equipes. Quando a empresa está em um momento crítico, necessita de talentos em posições estratégicas. Processos como gestão do conhecimento, programa de sucessão, endomarketing e recrutamento e seleção devem ser muito bem planejados e conduzidos para estimular a equipe, e alavancar os resultados projetados. Antes de tomar a decisão de realizar demissão em massa, cabe redimensionar a força de trabalho necessária para viabilizar que a empresa continue operando sem gerar sofrimento ou sacrifício para o profissional que ficou.
Para gerar engajamento no colaborador, deve ser dado autonomia, a medida que ele vai realizando, criando, ele se sente protagonista, autor, e essa autoridade lhe cria irremissivelmente o sentimento de responsabilidade e, naturalmente, o sentimento de culpabilidade e compromisso. Fomente a cultura e o orgulho de pertencer da equipe, eles serão os seus maiores aliados na prospecção de novos talentos e na retenção dos que já estão dentro da empresa. Forme equipes criativas, demonstre que valoriza o seu capital intelectual, ouvindo-os e implantando algumas das melhorias e mudanças sugeridas por eles. Grandes empresas tem implantado programas de incentivo às ideias e ao intraempreendedorismo.
O intraempreendedorismo permite que o colaborador implemente ideias, analise o cenário mercadológico e traga oportunidades de negócios para a empresa.
Existe o desafio na seleção também, salários baixos, poucos benefícios e um ambiente sem estímulo, por vezes atrai pessoas “com experiência na função”, porém, sem ambição, acomodadas, elas acabam não respondendo as expectativas da empresa e são demitidas. Para ter profissionais de alta performance, as empresas tem que investir, a procura maior por um determinado perfil de profissional, gera a escassez e automaticamente ocorre o fenômeno capitalista, a alta dos salários, cabe ao empresário avaliar a importância desse investimento para a sua empresa.
As soft skills (habilidades comportamentais) devem vir a frente das habilidades técnicas, são competências subjetivas, dificeis de avaliar porque elas estão relacionadas a forma que o individuo se relaciona e interage com outras pessoas, com os acontecimentos e com o ambiente. Problemas comportamentais no ambiente corporativo afeta a produtividade da equipe e o clima organizacional. É mais fácil para a empresa desenvolver as competencias técnicas do que as comportamentais.
Dentre as habilidades comportamentais, podemos considerar: pensamento criativo, boa capacidade de negociação, proatividade, comunicação, resolução de conflitos, tomada de decisão, pensamento crítico, empatia, ética, flexibilidade, resiliência, liderança, motivação, rede de contatos ativos, paciência, persuasão, positividade, capacidade de solução de problemas, trabalho em equipe, gestão do tempo, etc.
Existe superficialidade e descaso nas definições de critérios para realização do processo de recrutamento e seleção, critérios como experiência na função ou boa apresentação pessoal, por vezes, deixa profissionais com alto potencial fora do processo, enquanto isso, em algumas empresas referências no mercado, estão sendo realizadas seleções “às cegas”, metodologia que tem apresentado grandes resultados em países europeus. Trata-se de uma forma mais ética e assertiva de selecionar novos talentos, a diversidade cultural e social é um atrativo e não um obstáculo. Dessa forma, a empresa valoriza o potencial do profissional e foca no essencial da vaga, na missão do cargo. Dispensando a necessidade de análise de aspectos pessoais como número de filhos, raça, apresentação estética, orientação sexual e outros “requisitos” que não afetarão o resultado a ser entregue pelo profissional.
Os seres humanos são fragmentados por comportamentos e sentimentos diversos e a cultura é transmissível de individuo para individuo, novos colaboradores não permanecerão na empresa se a empresa não estiver em um processo de cura avançado. O homem é influenciado pela cultura, mas a cultura também sofre influência dele, oxigene a sua equipe com responsabilidade, abra as suas portas para a diversidade.
Iaraci Barbosa das Neves - CRA Nº038986
Especialista em Psicologia Organizacional