Diariamente, atuo com profissionais em momentos diferentes de carreira: recolocação profissional, gerenciamento de carreira e recrutamento e seleção. Todos esses processos revelam momentos distintos das pessoas. Dessa forma, também estou em contato com muitos profissionais que perderam o emprego.
A cada dia conheço não apenas um novo cliente, mas sim uma pessoa que relata sua história, seus sonhos e sua trajetória até aquele momento em que foi, por diferentes razões, desligada da empresa. Além de muitas dúvidas, os assessorados também buscam apoio e, não apenas, uma recolocação, mas também e, principalmente, um acolhimento e a compreensão de que são profissionais com valores e que podem contribuir imensamente no desenvolvimento das empresas com o seu trabalho, ideias e expertise.
Alguns desligamentos são traumáticos, feitos de forma completamente desrespeitosa e inadequada, outros são feitos de forma amadora, por profissionais que não possuem a habilidade e a preparação necessária. É válido lembrar que o processo de desligamento é difícil para quem precisa dar a notícia. Ou seja, os gestores também se sentem desconfortáveis e precisam de auxílio para realizar essa etapa de gestão da melhor forma possível.
A empresa precisa proceder no desligamento de pessoal, esse direito não está sendo questionado, mas a forma como o desligamento é realizado deve ser repensada por gestores e empresas. Para isso, é preciso enxergar além dos aspectos financeiros, o impacto emocional que essa decisão causa no colaborador que foi desligado, no profissional destinado para assumir o cargo, e claro, no setor e demais colegas, que invariavelmente, sofrerão mudanças em suas rotinas diárias de trabalho. Importante ressaltar que o nível de engajamento do profissional que fica, pode ser afetado caso ele considere que o processo de desligamento do colega foi inadequado e acredite que possa ser o próximo.
Do outro lado temos os profissionais que foram desligados e sentem um verdadeiro vazio. Por isso, muitos profissionais ainda não se recolocaram, porque ainda vivem esse “luto”. Frases que ouço de profissionais que foram demitidos:
“Me sinto sem identidade”.
“Não sei por onde começar”.
“Foi muito difícil falar para a minha família que eu não tinha mais emprego, fiquei com vergonha dos meus filhos”.
“Eu sinto vergonha quando conheço alguém que me pergunta onde trabalho, sempre perguntam”.
"A empresa era minha vida, eu trabalhei lá por 18 anos, eu nem imaginava que seria demitido, parecia que estava tudo bem".
Algumas formas de minimizar o impacto emocional do desligamento:
• Realizar o processo com respeito, coloque-se no lugar do outro.
• O desligamento não pode ser uma surpresa para o funcionário, o líder deve ir sinalizando através de feedbacks referente ao desempenho ou compartilhando informações referentes ao cenário da empresa.
• Contrate uma consultoria para realizar com ele um programa de outplacement ou disponibilize um profissional do RH da empresa para dar apoio emocional, elaborar o currículo, emitir carta de recomendação e orientá-lo.
• Antes de realizar o desligamento, busque se informar sobre a trajetória profissional do funcionário, seus legados, tempo de empresa, o enxergue como ser humano e não como um número. Não tenha medo de admitir que essa situação difícil para você também!
Antes, analise de forma estratégica:
A situação do colaborador é para Demissão ou Desenvolvimento?
Iaraci Barbosa das Neves - CRA Nº038986
Especialista em Psicologia Organizacional